quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ateliê Poéticas Contemporâneas

Interface


Essa foi minha interface, atividade realizada para apresentar meu projeto de intervenção pedagógica realizado como atividade final da disciplina "Estágio Supervisionado 3". Foi uma atividade diferente, a princípio preocupante, mas que como sempre agregou muito conhecimento. Na apresentação da interface usei uma imagem do trabalho final, que o foi o "sapo de fuxico" e também uma imagem de parte das participantes do projeto. Inseri ícones no menu, de maneira que ao clicar a pessoa soubesse do que se tratava o projeto, bem como como realizá-lo; inseri também um ícone dedicado a minha apresentação. Como texto usei uma metáfora da vida com uma cocha de retalhos.

Todo o trabalho foi desenvolvido usando o aplicativo Fireworks, apesar de existir softwares mais apropriados como o Office Publisher, eu escolhi o Fireworks porque já havia trabalhado com ele em outras atividades, o que me facilitaria a execução.


Estágio Supervisionado III

Avaliação Processual

O estágio é um momento delicado, isto porque nessa etapa todos os nossos anseios, insegurança, dúvidas, etc. se manifestam intensamente. Este não poderia deixar de ser diferente, pois apesar de já termos passado por essa experiência no semestre passado, vimos que a proposta era outra mais abrangente e desafiadora, visto que agora nossa intervenção extrapolava os muros da escola. Para nos ajudar direcionamentos nos foram dados, foram eles:

• Percurso;
• Porta de entrada;
• Etnografia;
• Intervenção;
• Avaliação.
O percurso consistia basicamente de um desafio ao nosso “olhar cotidiano”, pois quando tornamos estranho o que nos era familiar, descobrimos um mundo novo. Eu, assim como a maioria, escolhi um trajeto que me era habitual, mas mesmo assim o caminhar foi diferente. Estabeleci meu roteiro dentro de meu bairro, em um trajeto de cinco quarteirões. Ao percorrer meu roteiro notei as transformações, as cores, as pessoas, enfim, questões que não damos importância em nossas caminhadas cotidianas. Mas o desafio não era somente levantar essas questões, o principal era a escolha de algo denominado “porta de entrada”; digo algo porque durante muito tempo não tinha a menor ideia do que seria a tal porta. Andei, pensei, escolhi, mudei, voltei atrás e não consegui defini-la; sendo assim estabeleci pontos que achei interessante em meu trajeto e depois no decorrer da disciplina eu definiria melhor qual seria. Mas, independentemente de qual eu escolheria, uma coisa eu já tinha em mente, o que importava seriam as pessoas que estivessem ali, pois são elas que dão vida a tudo que acontece onde quer que seja.
Depois de novas orientações, escolhi minha porta de entrada: um ponto de ônibus. A princípio a escolha não era certa, ela se deu simplesmente porque eu precisava definir a porta e o ponto, mesmo sendo único, me ofereceria muitas possibilidades.
O próximo passo era uma observação mais rigorosa dessa minha porta. Quem freqüentava, porque, em que momento, etc. Nesses levantamentos verifiquei que o ponto era basicamente usado para três finalidades: a trabalho (a principal e motivo da existência do ponto – a companhia da usina hidrelétrica construiu o ponto de ônibus), pelas mães que levavam/buscavam os filhos na escola (o ponto fica localizado nas imediações) e a lazer. Entre seus freqüentadores da primeira finalidade, notei que lá tinham trabalhadores que iriam para usina hidrelétrica, usina de álcool e construção civil (na verdade essa construção seria uma nova usina hidrelétrica). Alguns desses trabalhadores saiam cedo, retornavam para o almoço, voltavam para o serviço e a tarde retornavam; outros saiam cedo e só voltavam à tarde. Verifiquei que praticamente todos os trabalhadores são migrantes, mudaram para cá simplesmente pelo trabalho e suas origens são variadas. Sobre as mães que levavam/buscavam os filhos na escola, elas os levavam até o ponto, sentavam ali e esperavam os filhos adentrar as imediações da escola ou ficavam sentadas esperando seus filhos sair da aula; essas mães eram em sua maioria esposas dos trabalhadores do primeiro grupo. Por último está à turma do lazer, são geralmente adolescentes e ficam no ponto jogando conversa fora (alunos que ficam lá depois da aula, outros que se encontram lá e ficam esperando o resto da turma pra jogar bola - em frente tem uma quadra e um campo e tem também os que ficam lá pra namorar, mas isso já é outra estória).
Apesar de todos os levantamentos citados, ainda não sabia qual seria minha intervenção pedagógica. Então durante uma observação/entrevista com os usuários/passantes de minha porta de entrada começou a surgir a ideia. Enquanto entrevistava uma participante, lhe explicava os objetivos da entrevista, enfim os “porquês” da proposta, surgiu o desafio. Uma dessas entrevistadas pediu meu apoio para ajudá-la a desenvolver “algo” (palavras dela) para presentear as crianças que participam do projeto do qual essa pessoa é voluntária. Após discutirmos os detalhes (quem participaria, o que seria possível executar, enfim, informações que me permitissem a elaboração/planejamento da ação) descobri que as participantes do projeto colhiam sobras de tecido com as costureiras da cidade e com esse tecido faziam panos de prato, fuxico, etc. Sabendo disso montei um sapo de fuxico e apresentei a ideia a elas. Para desenvolver a atividade não procurei um artista para servir de referência específica, mas sim como referência básica; aproveitei a ideia do manuseio das esculturas de Lygia Clark e a transferi para o material disponível para nossa intervenção. Em suas esculturas, da série Bichos, Lygia Clark usava dobradiça e, assim, ao manusear as placas dessas esculturas o público interagia e mudava a forma delas. Aproveitei a ideia da interação e mobilidade, visto que na confecção do sapo não serão usadas dobradiças, mas as peças de fuxico serão unidas por fio de nylon o que lhe dará mobilidade e possibilitará a interação (brincar/manusear) por parte das crianças com segurança, visto que o nylon é flexível, mas sem perder sua resistência. Acredito também que o propósito dessa atividade se enquadra dentro dos objetivos estipulados na carta das cidades educadoras, visto que, mesmo não sendo uma forma de educação formal a atividade é uma forma de socialização, de desenvolver trabalho coletivo, explorar a sensibilidade, de aprendizado (saber transformar uma habilidade individual-fuxico em um trabalho final concreto-bicho de pano), enfim, saber visualizar imagens/coisas do seu cotidiano sob a ótica artística.
Por fim, minha avaliação. Acredito que tive sorte, visto que enquanto estava perdida na elaboração da intervenção tive a solicitação de apoio, o que veio então a se transformar no meu trabalho. Mas, mesmo depois da definição, ajustes foram necessários; isto porque, depois do resultado final (finalização dos primeiros “sapos”) a empolgação foi grande e o número de bichos aumentou, porém o material que elas tinham ganhado não dava. Então para solucionar o impasse doei uma tela para que elas a rifassem e com o dinheiro arrecadado comprassem mais matéria prima. Assim foi feito e novamente pusemos nossas mãos na massa e terminamos os sapos. Pra mim ficou o aprendizado, não da confecção do bicho de pano, mas o do trabalho solidário, da ajuda mútua, das histórias de vida ouvidas em nossos encontros. Pra elas ficou a noção de valorização, visto que simples fuxicos, depois de trabalhados, se transformaram em algo mais valioso.

Referências
Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Artes Visuais. GUIMARÃES, L. M. de BARROS,OLIVEIRA, R. ALEXANDRE. "Estágio Supervisionado III" In: Licenciatura em Artes Visuais: módulo 7 .
Site:
• Lygia Clark – Da pintura aos objetos tridimensionais. In: Acesso em Outubro de 2010.
• Lygia Clark In: <> Acesso em Outubro de 2010.
• Lygia Clark In: <> Acesso em Outubro de 2010.